O Porto é sempre aquele lugar mágico onde gosto de voltar vezes e vezes repetidas. Um lugar que me faz sempre sentir em casa, talvez porque já o foi um dia, e por isso essa sensação de acolhimento ser sempre fantástica! Desta vez, regressei com o coração ainda mais cheio e com a sensação de missão cumprida, sendo difícil expressar por palavras o que senti, pois foi de tal modo intenso e repentino que é uma sensação estonteante.
Reparti a minha ação entre workshop de escrita criativa, sessões de coaching e um encontro de mulheres inspiradoras, no Café Rivoli, cruzei-me com muitas delas, cada uma com a sua história, a sua força, a sua fragilidade, a sua determinação e diferença. Cada uma delas tocou a minha alma, à sua forma, através dos seus olhos e das suas palavras, escritas, ditas, ou nem sequer proferidas. Uma sensação de pertença e reconhecimento prendeu-me a cada uma das que me contaram a sua história, uma solidariedade feminina, que me levou a impulsionar o que havia de genuíno em cada uma delas. Ouvi-as atentamente e houve emoções à flor da pele algumas vezes, houve lágrimas e sorrisos, tantos…abraços e agradecimentos, olhares claros que ficaram retidos na memória. A todas as mulheres que comigo se cruzaram e que pude ouvir o seu testemunho, o meu muito obrigada pela confiança que em mim depositaram. Obrigada por terem decidido conhecer-me e ajudar-me a viver o meu sonho, e a divulgar o projeto da Mad About Dreams. Levando na mala o lema do Walt Disney “Se tu podes sonhar, tu podes realizar”, constatei mais uma vez, que quando se quer muito alcançar algum sonho, não há entraves que nos bloqueiem, porque há sempre forma de lá chegar, ainda que haja sonhos que nos cheguem sem sabermos de onde ou porquê…Sigamos com eles por aí! Como dizia o Sebastião da Gama «pelo sonho é que vamos», e enquanto houver força, vontade, energia e motivação, quero que este eco de esperança e otimismo se espalhe pelo mundo, que se multipliquem as vozes que acreditam que podemos viver num mundo melhor. Só conseguimos fortalecer-nos com o amor, pelo amor, chegando aos corações de cada um. Remando contra a maré da superficialidade, das relações artificiais, e de pouca sustentabilidade, sigo com o meu barco enfrentando as tempestades, as caras feias e as maldades deste mundo, sabendo sempre como diz o poema de José Régio, que há caminhos que eu não quero para mim e que digo alto e bom som, “Não sei para onde vou, Sei que não vou por aí!!”. Ana Machado
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Há muito tempo que aqui não escrevo, é verdade…o que é feito da minha disciplina? Com a chegada do verão decidi que era tempo de abrandar e o dever cedeu ao prazer, ao usufruto do momento, as palavras deixaram de brotar, porque ficaram encantadas com tudo o que se viveu, num tempo lento, muitas vezes calado, ao sabor do vento, enternecidas pelas paisagens que os olhos captaram. Mas, este fim de semana fez-me romper esse mutismo, porque foi tão intenso que não posso deixar passar sem o partilhar convosco… Estes últimos dias têm sido de grande mergulho interior na minha alma através do riso, da meditação, de rituais, de dança, da música, libertando-me das prisões do passado. Hoje nasci grávida de mim e sei que o céu é o limite para tanto amor que sinto a brotar e transbordar. Celebro a vida e deixo para trás tudo o que não me serve mais. Entrego-me a esta luz que me guia e deixo as amarras, os padrões e as crenças limitadoras no tempo fora de mim. Percebi que transporto comigo a luz da minha alma e sou responsável pela sua sabedoria. Cada dia, cada momento, eu posso, eu devo, eu consigo renová-la. Três dias em que a energia esteve alta e à solta, sem comandos, nem disciplina, em que me permiti simplesmente ser, voar, dançar, saltar e rir, levando o meu corpo a nascer de novo. No workshop «Awakening», na Feira Alternativa de Lisboa, confiei no profissionalismo de Paulo Shiva, da Escola do Amor, e deixei-me levar por essa viagem interior, onde interagi com pessoas nunca vistas, com total à vontade, rodopiando ao som da música, como se ninguém estivesse a ver, isenta de julgamentos ou de pressões, soltando a minha criança interior, que vibrou com tanta vontade de sair cá para fora. O corpo liberto, parecia outro, com outra forma e outra postura e o renascimento seguiu-se logo após uma viagem à nossa vida uterina, onde foi possível reproduzir todo um novo começo, um crescimento e uma libertação de dogmas e de pressões. O movimento do corpo fez-me regressar à infância, quando eu podia de facto cantar e dançar de forma alegre e descontraída, sem que ninguém pudesse reclamar disso ou colocar rótulos. Percebi que através da dança nós podemos perceber quem somos de verdade, sentir a nossa verdadeira essência e manifestá-la com todo o nosso ser… Depois, seguiram-se olhares que se demoraram em outros olhos, mergulhando na alma dos que nos cercavam, desconhecidos que tinham tudo igual a nós, humanos que miravam outros humanos… como podia ser tudo diferente se nos detivéssemos mais tempo nos olhos uns dos outros procurando a nossa verdadeira natureza…? No dia seguinte, a gargalhada invadiu o Fórum Lisboa, no Congresso «Rir é Saúde». Encontrei a minha tribo, aquela que acredita que rir e brincar não é apenas exclusividade da infância, aquela que não se julga, nem estranha, aquela que acolhe e incentiva, em que a loucura é sempre saudável e com um propósito maior. Foram horas de dores na barriga, não de aflição, mas de prazer, em que se seguiram várias sessões e workshops sempre inspirados e vibrantes, magnéticos e desafiantes. Não fôssemos nós quase todos líderes do riso e não teríamos aguentado tanto tempo naquela vibração. Aprendemos sempre muito com estes eventos, conhecemos pessoas novas, trocamos experiências, e percebemos que o riso é mesmo fundamental para curar as maleitas do corpo e da alma. Tocamos em cada um que passa por nós e mais uma vez os olhares se fixam nos dos nossos companheiros de gargalhadas, a ponto que as emoções falam mais alto e os sorrisos dão lugar a olhos transbordantes, mas de água salgada… porque a emoção não pode ser entupida e tem de sair. É preciso libertar, limpar, cuidar! O riso que é uma libertação da alma, é apenas a porta de entrada para as várias dimensões do ser, queremos ir cada vez mais fundo, chegar à alma e … até chegamos meditamos, inspiramos, dançamos e até cantamos. Por fim, um dos momentos mais bonitos e inspiradores do fim de semana: O Ritual do Útero, que recebi da Helena Pereira. Trata-se de um ritual de limpeza e empoderamento feminino que resgata o sagrado na mulher, abençoando o seu útero como lugar de criação e de divino. Foi transmitido ao ocidente por Marcela Lobos, após a mesma o ter recebido pelas mulheres da Amazónia. É considerado o 13º rito do Munay-Ki. É um ritual simples, com muitos cânticos e meditação, com pétalas de flores, com um altar consagrado em que as mulheres são abençoadas e protegidas com rosas, enaltecendo o seu poder criativo e expressivo, libertando os medos, as dores localizadas nos nossos úteros, bem como os bloqueios e as opressões. Foram momentos de grande comoção, em que foi possível voltar ao útero da minha mãe pela segunda vez no espaço de dois dias e sentir a proteção, o amor, o cuidado com que ela me carregou durante a gestação. É um ritual que nos cura e enaltece toda a nossa linhagem ancestral de todas as mulheres da família. É um momento de homenagem ao nosso passado e a celebração do nosso presente. Tornei-me oficialmente womb keeper , uma guardião de úteros, podendo fazer a partir de agora este ritual e poder passá-lo às mulheres que o pretenderem. Mais um passo a dobrar, para a minha autocura e potenciar a minha missão de inspirar, motivar e encaminhar. A felicidade não cabe em mim…sinto-me renascida…outra Ana nasceu este fim de semana… e é tão bom, quando sentimos o fim dos ciclos como aprendizagem e o começo de outros para crescermos ainda mais… o que ficou para trás é já passado…toca a viver! Costumo dizer que para a frente é que é caminho, por isso são estes momentos que nos fazem descolar e crescer…sempre…sempre!!!! Ana Machado |
AutorAna Machado - Mad About Dreams Arquivos
Setembro 2017
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